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Devo controlar o peso para engravidar?

Por Fernando Prado
Atualizado em 21 out 2024, 22h28 - Publicado em 7 Maio 2022, 12h05
Mulher grávida bebendo um suco de laranja na cozinha | dieta na gravidez
 (Wavebreakmedia Ltd/Thinkstock/Getty Images)
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O excesso de peso corporal tem sido associado como fator de risco para infertilidade, mesmo entre mulheres com ciclos menstruais regulares.

Estar acima do peso pode representar um risco de desenvolvimento de diversas doenças metabólicas, além de problemas como câncer e doença cardiovascular. Mas os muitos quilos a mais – ou a menos – na balança podem também interferir na fertilidade. “A ovulação e a função reprodutiva são eventos biológicos dependentes das reservas energéticas do corpo. Não só o peso em específico, mas principalmente a composição corporal e a distribuição de gordura no corpo, além da qualidade da dieta e o sedentarismo, podem, sim, estar ligados à infertilidade feminina”, explica o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita. “Extremos como magreza e obesidade são considerados fatores de risco para infertilidade ovulatória entre as mulheres”, acrescenta o médico.

Especificamente sobre o excesso de peso corporal, o médico explica que ele está associado a distúrbios do ciclo menstrual e infertilidade, especialmente porque interfere na fase de ovulação. “Sabemos que os distúrbios ovulatórios representam 25 a 50% de todas as causas de infertilidade em mulheres, e uma proporção significativa está direta ou indiretamente relacionada ao sobrepeso e à obesidade”, conta o médico.

A interferência pode acontecer em níveis abaixo da obesidade. Um estudo brasileiro feito com base em 263 prontuários de pacientes do sexo feminino inférteis que realizaram tratamento de reprodução assistida e tinham ciclos menstruais regulares mostrou uma associação perigosa entre aumento de peso e infertilidade. “O trabalho mostrou que o excesso de peso associou-se significativamente à anovulação (termo que define a ausência de ovulação). O IMC (Índice de Massa Corporal) acima da faixa normal comprometeu a ovulação em mulheres inférteis não obesas com ciclos menstruais regulares”, conta o médico.

Além disso, quando ocorre a gravidez, aumenta-se o risco de diabetes gestacional ou pré-eclâmpsia (aumento da pressão arterial na gestação). O especialista enfatiza que a mulher que deseja engravidar, se apresentar alterações metabólicas como obesidade e resistência insulínica ou histórico familiar de diabetes, deve ser orientada quanto aos riscos do desenvolvimento de diabetes gestacional e encorajada a fazer mudanças imediatas no hábito alimentar, como a redução no consumo de açúcares, e praticar atividades físicas, para ajudar nas chances de concepção e na prevenção de doenças durante a gestação. “Uma perda de 5 a 10% do peso já é suficiente para ajudar a regular o ciclo menstrual, restaurar a fertilidade e evitar os riscos na gravidez”, diz o médico.

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Outro ponto importante é o risco de desenvolver tumores no útero, como a hiperplasia ou câncer de endométrio, que estão relacionados com a anovulação crônica. “Quando não acontece a ovulação, não há progesterona sendo produzida e então o endométrio não descama e não acontece a menstruação. Esse endométrio (tecido que reveste o útero) pode continuar crescendo bastante, o que eleva o risco de alterações nas células, gerando hiperplasia ou mesmo câncer de endométrio”, explica. “O melhor a fazer é buscar ajuda médica de um especialista em Reprodução Humana, bem como readequar a dieta com orientação de um nutricionista e, de preferência, buscar fazer atividade física supervisionada por um professor. Mas, se não for possível a supervisão, é importante que a paciente com sobrepeso comece devagar, com caminhadas ou atividades mais leves. Qualquer atividade física que aumente o gasto calórico já é vantajosa quando aliada com uma reeducação alimentar”, finaliza o médico.

RESPONDIDO POR:

DR. FERNANDO PRADO: Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Whatsapp Neo Vita: 11 5052-1000 / Instagram: @neovita.br / Youtube: Neo Vita – Reprodução Humana.

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