BOA FORMA responde
Café é uma bebida que está presente no dia a dia de muitos brasileiros, principalmente adultos, que se beneficiam da cafeína presente, uma substância psicoativa que fornece energia e reduz a fadiga.
Em indivíduos maiores de idade, se consumida de forma correta, pode proporcionar bem estar, aumento da concentração e estado de alerta.
No entanto, é essa mesma substância que é alvo de maior preocupação quando se trata de crianças consumindo café. Em um primeiro momento, é interessante entender seu funcionamento no corpo.
A cafeína, de forma simples, atua como estimulador do sistema nervoso central e periférico. No sistema cardiovascular, ocorre um aumento da pressão arterial e da temperatura corporal, junto com o aumento do fluxo sanguíneo e vasoconstrição cerebral.
Além disso, a substância afeta também outros sistemas, causando aumento da frequência respiratória, broncoconstrição, aumenta a diurese e eleva os níveis de ácidos graxos. Por fim, a cafeína altera o sono, podendo diminuir a sua duração e qualidade.
Geralmente, ela é utilizada para diminuir a sonolência diurna, mas interfere no descanso noturno, tornando-se um ciclo vicioso. Essa questão, quando se trata de crianças, é ainda mais crítica, uma vez que estão na fase de desenvolvimento.
A criança que não tem um sono regulado pode ter o desenvolvimento estrutural e funcional do cérebro afetados, podendo apresentar aumento da dificuldade de aprendizado, na atenção, criatividade e nas funções cognitivas e motoras.
Ademais, as crianças são mais sensíveis à cafeína, fazendo com que baixas doses já possam causar intoxicação ou efeitos adversos como ansiedade, nervosismo e náuseas. O café, apesar de ser rico nessa substância, não é a única que a contém.
Alimentos como chocolate, chá mate, chá preto, chá verde, refrigerante à base de cola e energéticos também são ricos em cafeína e podem causar efeitos similares.
Assim, se na alimentação da criança conter um ou mais desses alimentos, já é necessário análise e cuidado especial sobre os efeitos que podem causar sobre o seu corpo.
Outro ponto a ser analisado é quais alimentos acompanham esse café. Isso não é importante apenas para as crianças, mas essa é uma fase de crescimento e desenvolvimento, na qual os nutrientes têm extrema importância.
Sendo assim, o clássico café com leite, que faz parte da cultura brasileira, não tem o seu consumo recomendado. Isso se dá porque a cafeína reduz a absorção do cálcio no leite, que é essencial para essa fase da vida.
Além disso, outra prática muito comum é o consumo de café depois do almoço, uma refeição muito importante, que deve fornecer vários nutrientes essenciais, incluindo o ferro.
No entanto, a cafeína também diminui a sua absorção, podendo, a longo prazo, submeter essa criança a anemia.
Portanto, é entendido na literatura que o consumo de café por crianças não possui nenhum benefício, podendo atrapalhar seu desenvolvimento do sistema nervoso e cardiovascular e ainda causar distúrbios transitórios de comportamento em casos de toxicidade.
Dessa forma, pode ser incentivado o consumo de chás como camomila, erva cidreira e hortelã, que podem ser oferecidos desde os 6 meses de idade, desde que sem adição de açúcar e adoçante.
Luna Azevedo, nutricionista formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), é Coordenadora de Pós Graduação em Nutrição Vegetariana e Vegana pelo Instituto Luciana Harfenist (ILH) com apoio da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). @lunanutri
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