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Nutrição sem restrição, com Marina Nogueira

A nutricionista Marina Nogueira, do @naocontocalorias, fala sobre alimentação, comportamento, ciência e saúde
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IMC (Índice de Massa Corporal): o que esse cálculo significa?

Por Marina Nogueira
Atualizado em 21 out 2024, 22h28 - Publicado em 21 jun 2021, 16h45
Peso: já aconteceu de seus exames estarem ótimos mas o médico ou nutricionista te recomendar perder ‘x’ quilos para que você fique na faixa recomendada de IMC?
 (Szabolcs Toth on Unsplash/BOA FORMA)
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No último texto da coluna, eu falei sobre o que a balança representa na nossa vida. Contei um pouco sobre como nós nos preocupamos muito com um número específico e nos esquecemos de outros detalhes que nos levam a uma boa alimentação. Afinal, nem sempre o peso nos dá garantia de uma saúde.

Porém, uma das ferramentas mais utilizadas para decidir diagnósticos e intervenções leva o peso em consideração: o Índice de Massa Corporal (IMC), que é o resultado do cálculo peso dividido por altura ao quadrado (IMC=kg/m2). Por que então continuar afirmando que o peso da balança seria questionável?

Para entender, precisamos primeiro saber mais sobre o IMC.

O IMC é uma medida utilizada desde o final da década de 90, sendo transformada em avaliação universal da obesidade pela OMS no início dos anos 2000. Hoje em dia o IMC é classificado da seguinte maneira:

 

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IMC CLASSIFICAÇÃO
< 18,5 Abaixo do Peso
18,5 a 24,9 Peso normal
25 a 29,9 Sobrepeso
30 a 34,9 Obesidade grau 1
35 a 35,9 Obesidade grau 2
³40 Obesidade grau 3

 

É um método rápido, fácil, barato e não invasivo para avaliar o peso corporal e muito utilizado em estudos epidemiológicos – o que tem uma grande importância. Mas a classificação individual do IMC tem suas ressalvas.

Talvez você já tenha passado por essa situação: na consulta médica, seus exames estão ótimos. Você realmente está engajado numa atividade física regular e tem se alimentado bem. Mas seu IMC está acima do valor de ‘peso normal’, e o médico ou nutricionista prontamente te recomenda perder ‘x’ quilos para que você fique na faixa recomendada. É nesse ponto que o cálculo do IMC pode ser tornar um problema pois, muitas vezes, para chegar num peso determinado, você acaba se engajando em dietas restritivas que, ao final delas, te levam para um reganho de peso (falei disso lá no primeiro texto da coluna, lembra?).

Hoje em dia, existem evidências científicas robustas que demonstram que a oscilação de peso – conhecido como efeito sanfona – pode ser até mais prejudicial para a saúde do que a manutenção do peso feita com bons hábitos alimentares e físicos.

Além disso, existem evidências que extrapolam a necessidade de se manter na faixa de peso do IMC. Segundo um estudo de 2005, aquelas pessoas com propensão a diabetes reduzem em 17% o risco de surgimento da doença a cada 1kg perdido. Além disso, os dados também apontam para uma grande melhora da saúde quando conseguem uma perda de 5 a 10% do peso total. O que reforça a ideia de que nem sempre é necessário se encaixar numa faixa do IMC.

O IMC também pode ser criticado por outras questões: seu cálculo não considera variações étnicas, diferenças de gênero, distribuição da massa corporal e idade. Existem cálculos para crianças, adolescentes e atualmente idosos, mas a faixa ‘do meio’, ou seja, dos adultos, tem sempre os mesmos valores. Sabemos que nosso corpo está em constante transformação, e que as populações asiáticas, por exemplo, têm um perfil físico e uma composição diferente dos latinos. Entendo a importância do cálculo para traçar perfis populacionais, mas, novamente, de maneira individual todas essas considerações importantes são deixadas de lado.

Minha preocupação atual é com a falta de critério e cuidado ao escolher uma meta de peso a ser perdida com base nessa classificação. Não é muito raro ver pessoas apelando para tratamentos restritivos e pouco eficazes somente para chegar na classificação esperada. Tratamentos esses que têm baixa aderências e não substituem estilo de vida – algo essencial para manutenção de saúde e redução de riscos de eventos cardiovasculares, por exemplo. E me preocupo também com a estigmatização da obesidade, algo muito comum e problemático na sociedade atual.

Questionar o IMC não é fazer apologia a obesidade, mas sim tratar cada um de maneira séria e individualizada, como todos devem ser tratados.

Portanto, ao analisar seu peso e seu IMC, tenha em mente todas essas questões. Olhe para sua alimentação como um meio, e não um fim.

Até a próxima!

 

 

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