Preciso confessar uma coisa: não costumava ligar muito para os cuidados com os pés. Sempre tive unhas curtinhas, que não deixavam muita área para esmaltações diferentes e coloridas; e uma pele relativamente macia, sem grandes ressecamentos. Vivia em paz e sem preocupações com meus pés até começar a correr — e olha que nem completo grandes distâncias, viu?
Calos e pele áspera
A primeira mudança que notei depois de adotar o hábito foi na textura da pele. Ela começou a ficar mais áspera, e algumas áreas grosseiras demais — no calcanhar e nos cantos do dedão e dedinho. “Isso acontece por conta do atrito com o tênis. O quadro piora quando o modelo é muito apertado ou tem um formato nada anatômico”, explica a dermatologista Juliana Piquet (@julianapiquetclinica), do Rio de Janeiro.
As áreas “agredidas” pela fricção respondem produzindo mais pele (como uma forma de proteção) e geram, assim, os calos. “Vale manter os pés em água morna por cerca de 10 minutos e lixar cuidadosamente, apenas para retirar as células mortas. Depois, utilizar um creme específico para a região”, afirma a especialista.
Unhas pretas e bolhas
Outro problema nada agradável que apareceu: unhas pretas e deformadas! Principalmente as dos dedos mais compridos. A dermatologista Cris Simões (@dermatonlineoficial), do Grupo Iron, diz que elas podem ocorrer por alguns motivos. “Como o uso de um tênis muito folgado, que deixa o pé escorregar para frente e acaba pressionando os dedos. Ou amarrar o cadarço de forma errada e deixar o calçado muito apertado. Por fim, meias inapropriadas [com costuras aparentes] também contribuem para as unhas pretas”. As bolhas, segundo ela, seguem a mesma lógica.
Se você compartilha do sofrimento, a médica deixa algumas dicas:
- 1 – Mantenha as unhas bem cortadas, evitando tirar muito nas laterais para que elas não encravem;
- 2 – Use proteção de silicone nos dedos (tipo dedeira);
- 3 – Utilize pomada ou vaselina sólida nas pontas dos pés para minimizar o atrito durante a corrida.
Micoses
Já as micoses nunca deram as caras por aqui — mas já li que elas são comuns em corredores. “A duplinha calor e umidade favorece o surgimento das infecções causadas por fungos”, explica a dermatologista Bomi Hong (@bomihong), de São Paulo.
Para evitar, lembre-se de secar bem os pés após o banho (use o secador, se precisar), alternar os tênis e trocar as meias sempre que elas molharem demais. E nada de compartilhar chinelos, toalhas e cortadores de unha!
Pedicure em casa
Com a impossibilidade de ir até um salão (por conta da pandemia), resolvi começar a cuidar dos meus pés em casa — adotei o hábito de aplicar cremes, que me ajudaram muito. Além disso, tentei dar uma de pedicure em casa. Cris Simões explica que a prática não é a mais indicada, mas pode servir como uma saída para o isolamento social. Ela indica o passo a passo ideal:
- 1 – Tenha seu próprio material para fazer as unhas;
- 2 – Remova o esmalte antigo com produto pouco abrasivo;
- 3 – Deixe os pés imersos em água morna por aproximadamente 15 minutos;
- 4 – Seque bem os pés e aguarde em torno de 5 minutos (até que as unhas voltem a ficar mais endurecidas) antes de iniciar o acesso a elas;
- 5 – Inicie o procedimento de cortar, modelar os cantos, lixar e polir as unhas. Não retire as cutículas. Como manutenção caseira, empurre-as com uma espátula e aplique um óleo em seguida.
Testei: produtos para pés e pernas
Posso até ter virado a “doida” dos cremes para os pés nesta quarentena. Mas tenho certeza que eles me agradecem muito por isso! As unhas roxas já se foram e a pele está bem mais lisinha. Quer saber quais produtos (combinados com as dicas acima, é claro) ajudaram no processo? Veja a seguir:
Para as pernas
1 – Creme Revitalizante para Pernas, Cedraflon
Cheiro: Um dos melhores! No começo, é um pouco forte e lembra bastante aquelas pomadas para contusões. Mas depois ele fica suave e com carinha de “acabei de sair do banho”.
Textura: Bem fluida, não fica grudando na roupa e seca bem rápido.
Eficácia: Na mesma hora que você utiliza, já sente seu efeito refrescante e relaxante. A pele também fica bem hidratada e macia.
Como gostei de usar: O fabricante recomenda aplicar com massagens suaves de baixo para cima, começando no tornozelo e subindo até o meio da coxa. Dá para repetir o processo até quatro vezes ao dia, mas eu preferi fazer uma só, depois do banho pela manhã — o produto foi maravilhoso nos dias em que eu treinei pernas ou corri.
2 – Hidratante Pernas e Pés Menta e Alecrim, Vegana
Cheiro: Por conter óleos essenciais (alecrim, menta e lavanda) e vegetais (abacate, amêndoas doces e semente de uva), ele remete à natureza. Mas não é nada enjoativo ou forte.
Textura: Um pouco menos fluida que a do outro, mas ainda fácil de aplicar e de secagem rápida.
Eficácia: Também promove a sensação refrescante e mentolada na hora em que entra em contato com a pele.
Como gostei de usar: Nos primeiros dias, usei antes de dormir — mas depois li o modo de uso da embalagem e vi que deve ser utilizado preferencialmente durante o dia (alguns óleos essenciais podem “despertar” o corpo).
Para os pés
3 – Ureadin Podos, Isdin
Cheiro: Não foi o meu preferido, mas não incomoda por ser suave e “sumir” depois de um tempo.
Textura: Como a própria embalagem já denuncia, ele é um gel hidratante. O que é maravilhoso, pois foi o que deixou o meu pé menos “grudento”. Amei usar durante o dia com sapatos — geralmente a combinação creme + meia deixa o pé escorregadio, mas não foi o caso.
Eficácia: Contém ureia na formulação, uma substância extremamente umectante e emoliente. “Ela é queratolítica, ou seja, ajuda a suavizar a pele e até mesmo eventuais calos gradualmente”, diz Juliana Piquet.
Não à toa, então, que a marca promete resultados em três dias de uso (senti diferenças na maciez da minha pele antes). Por ser hipoalergênico, ele pode ser uma boa opção para pacientes com diabetes.
Como gostei de usar: Durante o dia (com o uso de sapatos ou não).
4 – Homeopast
Cheiro: Não é muito agradável, mas tende para o neutro — e desaparece na pele.
Textura: Um pouco grossa. Demora um pouco para secar e deixa o pé pegajoso. Mas seus resultados compensam, e muito!
Eficácia: Definitivamente o mais potente! Em uma aplicação já senti os efeitos maravilhosos dos extratos de calêndula e aveia: até as áreas mais grossas estavam lisinhas e macias. Bom para aquelas situações em que precisamos de algo mais eficaz.
Como gostei de usar: Por conta da textura, resolvi usar à noite, antes de dormir, e colocar uma meia por cima para não sujar o lençol — acredito que o ato tenha ajudado a intensificar seus benefícios. Ele vem com uma pequena espátula para facilitar a aplicação.
5 – Pasta Protetora Nutripés, Vegana
Cheiro: Bem parecido com o creme de pernas da marca: os extratos vegetais presentes na fórmula ficam acentuados. Mas também é suave!
Textura: Por ser uma pasta, é de se esperar que seja bem grossa (talvez a mais de todos os produtos). Contudo, o produto seca rápido depois de aplicado.
Eficácia: Com manteiga de karité e óleo de melaleuca, eu senti bastante proteção (parecia que o creme formava uma espécie de barreira na pele).
Como gostei de usar: Usei mais à noite, antes de dormir. Durante o dia, preferi aplicar nos momentos que estive em em casa e não precisei sair (para meus pés não ficarem escorregadios dentro da meia).
6 – Hidratante para Pés Ressecados, Neutrogena
Cheiro: De longe o meu preferido! Ele é docinho na medida certa, e bem suave na pele.
Textura: Um tanto grosso, mas não muito. Seca rapidamente.
Eficácia: Possui glicerina e pantenol, dois ingredientes conhecidos por agirem na recuperação de regiões ressecadas. Deixou a minha pele bem macia depois de alguns dias de uso.
Como gostei de usar: Esse eu também gostei de usar durante a noite — não senti a necessidade de colocar uma meia por cima.
Para um bom escalda-pés
Três foram os produtos que testei para esse momento de autocuidado: o Hidromassageador Aqua Foot, da Britânia; o Óleo Essencial de Alecrim, da Força da Terra; e o Óleo Essencial de Hortelã-Pimenta, da Phytoterápica.
Para começar, enchi o massageador com água fria e liguei. Coloquei a temperatura desejada (sim, ele esquenta a água em até 50°C para você!) e escolhi a função (massageia, borbulha ou osdois). Pinguei 5 gotinhas de cada óleo e pronto! Comecei o meu escalda-pés.
A podoterapeuta Sheila Tomé (@pessaudaveis), parceira da homeopast, explica que escaldas-pés mais quentes (em torno de 44°C) servem para tirar o cansaço dos pés; enquanto os mais frios (30°C), ajudam a diminuir inchaços e aliviar problemas na circulação. “Você pode incluir, além dos óleos essenciais, sal grosso, ervas e frutas cítricas desidratadas”, recomenda a especialista.
O mais legal é que o aparelho vem com alguns acessórios para massagem. Você os encaixa no fundo do recipiente e faz movimentos de vai e vem com os pés para relaxar. Ou também pode optar por duas lixas: uma de esfoliação mais leve e outra mais pesada. Liguei a minha série preferida e curti a experiência.
Outras combinações que funcionam muito bem, de acordo com Sheila:
- Para relaxar ainda mais: 5 ou 6 gotas de óleo essencial de lavanda e 8 saquinhos de chá de erva doce;
- Para acalmar: 5 ou 6 gotas de óleo essencial de tangerina e 8 saquinhos de chá de camomila;
- Para energizar: 5 ou 6 gotas de óleo essencial de alecrim e 8 saquinhos de chá verde;
- Para refrescar: 5 ou 6 gotas de óleo essencial de hortelã-pimenta e 8 saquinhos de chá de hortelã.
Compre aqui: Hidromassageador Aqua Foot, Britânia.
Compre aqui: Óleo Essencial de Alecrim, Força da Terra.
Compre aqui: Óleo Essencial de Hortelã-Pimenta, Phytoterápica.
*Os produtos testados foram selecionados pelo time de Boa Forma e enviados por suas respectivas assessorias, sem envolvimento de cachê.