A psoríase é uma condição de pele bastante comum. Mas como ela se manifesta? Por que aparece? É isso que vamos investigar hoje.
O QUE É PSORÍASE?
“A psoríase é uma doença inflamatória da pele, crônica, não-contagiosa e relativamente comum”, explica a Dra. Simone Neri, dermatologista e tricologista. “Sua causa ainda é desconhecida e não tem cura, mas sabemos que está relacionada ao sistema imunológico.”
A psoríase pode se apresentar em qualquer idade, e afeta aproximadamente 3% dos adultos e 0,1%, das crianças e adolescentes. “Ela apresenta características como lesões avermelhadas e descamativas que aparecem, em geral, no couro cabeludo, cotovelos e joelhos”, continua a médica.
Aliás, já entrando nos principais sintomas dessa condição, é importante lembrar que eles podem variar de paciente para paciente, mas podem incluir:
- Manchas vermelhas com escamas secas esbranquiçadas
- Pequenas manchas brancas ou escuras
- Pele ressecada e rachada
- Coceira
- Queimação
- Dor
- Unhas grossas, sulcadas e descoladas
- Inchaço e rigidez nas articulações (no caso da artrite psoriásica)
Por isso, procurar um dermatologista é essencial caso você perceba qualquer um desses sintomas – só esse profissional poderá fazer o diagnóstico correto e adequado dessa condição e ainda passar um tratamento adequado.
“Em se tratando de uma doença inflamatória sistêmica, a psoríase também é associada a várias condições médicas importantes como inflamação de ligamentos e tendões (espondiloartrose ou artrite psoriásica), inflamação intestinal (doença de Crohn), inflamação do fígado que leva ao acúmulo de gordura (esteatose hepática), dislipidemias, resistência à insulina que leva a diabetes, obesidade, aterosclerose, doenças cardiovasculares e neoplasias”, explica o imunologista Dr. Javier Ricardo Carbajal Lizárraga.
QUAIS AS CAUSAS E O TRATAMENTO PARA PSORÍASE?
Ainda não se sabe com certeza quais as causas da psoríase, porém, sabe-se que a questão genética é um fator importante nessa equação.
“As causas da doença podem ser genéticas, mas fatores psicológicos e estresse devem ser considerados na hora do diagnóstico”, explica a dermatologista Dra. Simone. “A exposição ao frio, o uso de certos medicamentos ou a ingestão de bebidas alcoólicas podem piorar o quadro.”
Para o Dr. Javier, é comum identificar infecções crônicas associadas a erros inatos da imunidade que, quando identificados e tratados, facilitam ou levam ao controle total das lesões de psoríase e transtornos associados.
“Em conjunto, as evidências apontam para erros inatos no sistema imune que levam a infecção e consequentemente inflamação crônica, ou erros no mesmo controle da inflamação”, complementa.
Quando o assunto é o tratamento, ele vai variar de acordo com o grau e a evolução dos sintomas no paciente. O tratamento tópico – aquele com cremes e pomadas específicas – é indicado para os casos mais leves. Já o sistêmico – com base em medicamentos orais ou injeções, como os chamados medicamentos imunobiológicos – serve para os casos de psoríase moderada a grave.
Há ainda as terapias auxiliares, como é o caso da fototerapia – que utiliza a luz ultravioleta como forma de atenuar os sintomas.
“Uma alimentação balanceada e a prática de atividade física podem ajudar na melhor qualidade de vida e autoestima do paciente. E é fundamental não interromper o tratamento sem o aval do médico”, explica Simone.
PSORÍASE, ESTRESSE E IMUNIDADE
Famosas como Kim Kardashian já falaram abertamente sobre a sua relação com a psoríase e como ela piorou – ou foi desencadeada – depois de períodos de grande estresse.
Não se sabe exatamente como essa ligação acontece, já que uma parte dos pacientes relata o estresse como um gatilho para a sua psoríase.
“Também há uma maior incidência de relatos de psoríase em indivíduos que tiveram um evento estressante no ano anterior, sugerindo que o estresse pode ter um papel no desencadeamento da doença em indivíduos predispostos”, explica o Dr. Javier.
Segundo ele, o estresse também pode ser uma consequência de surtos de psoríase, por isso, compreender o papel do estresse no quadro de cada paciente se torna apropriado para direcionar o seu tratamento.
“Consideramos o estresse um fator gatilho para as crises de inflamação que levam ao ressurgimento ou agravamento da psoríase e suas comorbidades. Porém, é um erro considerar o estresse como fator causal do processo. Deve-se entender que pacientes bem controlados convivem com o estresse sem apresentar piora da doença”, diz. “Um fato no mínimo preocupante é quando estigmatizam o estresse como uma ‘fuga ou justificativa’ para negligenciar a doença.”