Viajemos mais de 2000 mil anos no túnel do tempo, até a época em que Cleópatra comandava o Antigo Egito. Também conhecida por ser muito vaidosa, de acordo com diversos historiadores, a icônica monarca já explorava os benefícios do mel no skincare, misturando-o ao leite de cabra e um pouco de óleo de amêndoas em uma máscara facial hidratante e uniformizadora.
Há quem diga também que o líquido viscoso e açucarado produzido pelas abelhas também era muito utilizado em curativos, pela ação cicatrizante, anti-inflamatória e antimicrobiana.
De volta para a atualidade, momento em que autocuidado é o termo da vez e mais e mais pessoas estão priorizando produtos naturais, produtos de beleza à base desse superalimento fazem um retorno triunfal às lojas e e-commerces, incluindo o segmento de luxo. “O mel é realmente algo poderoso. Rico em vitaminas, flavonoides, ácidos fenólicos e ácido 10-hydroxy-trans-2-decenóico, ele pode, sim, ajudar a uniformizar, tonificar e regenerar a pele, além de prevenir infecções e o envelhecimento precoce”, diz Betina Stefanello, dermatologista e chefe da cosmiatria do Instituto Azulay, da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.
Como também contém um alto teor de glicose e frutose, entre outros agentes, o mel ainda é uma boa opção de hidratante/umectante.
MEL IN NATURA X COSMÉTICOS COM MEL
“É difícil prescrevê-lo in natura em tratamentos dermatológicos porque trata-se de uma substância produzida e colhida de diferentes formas. Não há, por exemplo, como garantir que não houve contaminação nesse processo”, pondera a especialista. “No máximo, indicaria uma esfoliação para rosto e lábios com mel cristalizado e um óleo mineral”, completa.
Felizmente, já há marcas empenhadas em oferecer produtos mais seguros tendo o mel como ingrediente estrela. É o caso da Foreo, que possui no portfólio uma máscara facial com mel namuka [um dos mais aclamados] na composição, e da Guerlain, que possui um linha completa baseada no poder do mítico mel de abelha negra da ilha Ouessant somado à geleia real e outros três tipos de mel (de Córsega, na França; Ikaria, na Grécia; e Åland, na Finlândia).
“O mel é uma alquimia única e complexa que os humanos ainda não conseguem reproduzir. Para produzi-lo, uma colônia de abelhas chega a reunir mais de 10 milhões de flores e transformam seu néctar em algo com qualidades infinitas. […] Há uma grande variedade de méis, mas nem todos têm propriedades reparadoras. Por isso, nossa área de pesquisa estabeleceu três critérios de seleção: um ambiente preservado, biodiversidade abundante e o perfil genético da abelha. Em meio à biodiversidade preservada dessas ilhas, nosso time descobriu méis poderosos, com componentes complementares, como polifenóis, vitaminas, oligoelementos e aminoácidos”, declara a marca em nota enviada à BOA FORMA.
“Além da padronização dos produtos e da segurança dos consumidores, iniciativas como essa e a tecnologia favorecem a eficácia das fórmulas e os resultados desejados, uma vez que as pesquisas mais animadoras nesse sentido foram feitas com mel tratado para esse tipo de fim. Ou seja, nesse processo, ele pode ter sofrido alterações que possibilitam ou facilitam uma penetração mais profunda na pele, algo que provavelmente não acontecerá se você simplesmente comprar um pote de mel e aplicar no rosto”, conclui Betina Stefanello.