Manchas de pele: os novos tratamentos para livrar o rosto das marcas
É no fim do verão que percebemos as heranças da estação - e as manchas no rosto são uma delas. Conheça os tratamentos mais modernos e eficientes para cuidar do problema
Embora não existam estudos que comprovem, os dermatologistas sabem, empiricamente, que seus consultórios vão lotar depois do verão. É a partir de agora que a procura por tratamentos costuma aumentar, e o principal motivo é um só: manchas na pele. “Há a piora das manchas preexistentes, o aparecimento de manchas novas e também a conscientização de que a época de exposição solar não é adequada ao tratamento do problema. Por isso, a procura por soluções dobra nesta época do ano”, diz a dermatologista Flavia Addor, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Cada mancha demanda uma ação diferente. A mais difícil de tratar é, sem dúvida, o melasma. É a famosa “mancha de gravidez”, de cor acastanhada e simétrica, comum nas bochechas, nas laterais do rosto, no buço e na testa. “Ela tem origem genética e é causada por células que produzem melanina em excesso quando estimuladas”, diz a dermatologista Erica Monteiro, da Unifesp, em São Paulo. E é bom saber que os raios de sol não são os únicos culpados pela estimulação dessas células. “Existem evidências de que a radiação infravermelha, que produz calor, também poderia aumentar a síntese de melanina em pessoas predispostas. Não há estudos clínicos comprovando essa hipótese, mas, na prática, os pacientes relatam perceber essa piora”, diz Flavia Addor.
Outro tipo de mancha causada pelo sol é a melanose solar, também conhecida como mancha senil. Ela costuma aparecer perto da quarta década de vida, em áreas expostas, como rosto, ombros, braços e mãos. A boa notícia é que existem tratamentos para todos esses tipos de marca. É bom saber, no entanto, que o cuidado para que elas não voltem (ou, melhor ainda, nem apareçam) é para toda a vida. A seguir, conheça os melhores tratamentos, produtos e cuidados capazes de manter as manchas longe.
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No dermatologista
O tratamento ideal varia de acordo com a mancha. Alguns médicos não recomendam lasers de nenhum tipo para o melasma pelo risco de rebote (quando a célula de melanina é estimulada e, para se defender, acaba produzindo mais melanina). Já as melanoses solares admitem o uso de lasers e luz intensa pulsada, assim como tratamentos tópicos e peelings.
Hidroquinona
A conhecida substância para uso tópico ainda é considerada o padrão ouro em tratamento para manchas, em especial o melasma. No entanto, por apresentar alguns riscos, como deixar uma marca branca definitiva no local e até a possibilidade de intoxicar as células, seu uso deve ser controlado e feito sob supervisão de um dermatologista. “Houve um tempo em que a hidroquinona era usada em concentrações altíssimas, de até 10%”, diz a dermatologista Carla Albuquerque, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, de São Paulo. Hoje, segundo a médica, sabe-se que, utilizada de forma consciente, ela é capaz de resultados excelentes. A concentração máxima deve ser de 4% e o período de tratamento de seis meses. Depois, é preciso fazer uma pausa de, pelo menos, três meses. Muitos dermatologistas recorrem à “tripla combinação”. Na forma de um medicamento, o Tri-Luma, fabricado pela Galderma, é um mix de três ingredientes: hidroquinona, tretinoína e acetonido de fluocinolona. Enquanto a hidroquinona inibe a formação de melanina, a tretinoína melhora a renovação celular, ajudando a primeira a penetrar melhor. Por fim, o acetonido de fluocinolona é um corticoide que diminui a irritação da pele e tem ação anti-inflamatória. Alguns dos efeitos colaterais mais comuns incluem vermelhidão, ardência, irritação e coceira.
Infiltração de ácido tranexâmico
Um estudo recente, feito na Coreia do Sul, mostrou que injeções desse ácido na área da mancha são capazes de diminuir a pigmentação. “Não se sabe ainda exatamente o mecanismo de ação, mas, na prática, observou-se que dá resultado”, diz Carla Albuquerque. O líquido é injetado, com uma agulha fina, em vários pontos sobre a mancha, superficialmente, e o processo demanda anestesia. “O método é eficiente para melasma caso o pigmento já esteja mais infiltrado na pele. Indicado para quem já tentou de tudo contra as manchas, mas nada funcionou”, diz a dermatologista. Nas primeiras horas depois das injeções, o local costuma ficar um pouco inchado. São necessárias dez sessões, uma por semana, a R$ 450* cada uma, em média.
Peeling de ácido retinoico
O ácido tem ação comprovada na redução de manchas, especialmente o melasma, e é um dos preferidos dos dermatologistas por sua segurança e eficácia. Ele é aplicado na face e mantido na pele por um período de seis a 12 horas. Sua coloração marrom-escura lembra uma base. Alguns médicos optam por fazer, antes, um peeling com outro ácido, o salicílico. Deixado entre cinco e dez minutos sobre a área, ele retira a camada superficial da pele e, assim, ajuda o ácido retinoico a penetrar melhor. O tratamento com peeling demanda quatro ou cinco sessões, com intervalos quinzenais, ao preço médio de R$ 400* por sessão (ou entre R$ 500 e R$ 600, no caso do combo de peelings).
Acroma-QS
Trata-se de um laser do tipo Q-Switched fracionado e não ablativo (que não retira a camada superficial da pele), que funciona em qualquer tipo de mancha e pode, inclusive, ser usado para tratar o melasma. “Ele emite disparos de luz muito rápidos e, dessa forma, atinge com precisão os melanócitos, destruindo a melanina presente na célula sem danificar a pele ao redor”, explica a dermatologista Juliana Jordão, de Curitiba, professora de laserterapia e cosmiatria no Congresso Brasileiro de Dermatologia. No caso do melasma, no entanto, é preciso cautela. “Para evitar o rebote, deve-se realizar sessões com energias baixas e repetidas vezes”, diz a médica. São indicadas cerca de dez sessões, com intervalos semanais. O preço médio por sessão fica entre R$ 350 e R$ 500*.
Etherea
É um aparelho de luz intensa pulsada, ideal para sardas e manchas senis com pigmentos escuros, que atinge o melanócito e destrói a melanina. Mas, diferentemente do laser, a luz é liberada de forma dispersa sobre a pele, e não focada. “Assim, sabemos que outros pigmentos e profundidades de pele serão atingidos também, e isso pode ser benéfico: dá para tirar marcas marrons, pequenos vasos vermelhos e induzir a síntese de colágeno em um mesmo momento”, diz a dermatologista Elizabeth Dobao, pós-graduada em dermatologia e cosmiatria e membro da Academia Europeia de Dermatologia. São indicadas, em média, duas ou três sessões, com intervalo mensal entre elas e custo médio de R$ 550*.
Hábitos para a vida toda
1. Protetor solar sempre!
Provavelmente você já ouviu essa recomendação incontáveis vezes. Mas está aplicando? “Ele deve ser usado diariamente, com sol, chuva ou neve, inclusive no começo da manhã e no final da tarde”, diz a dermatologista Valéria Campos, assessora do Departamento de Laser da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Para quem já tem manchas, o FPS ideal é o 50.
2. Acostume-se a reaplicações constantes.
É possível usar o mesmo protetor da cidade na praia. O FPS não necessariamente precisa mudar. “O que altera é a frequência de aplicação”, diz a dermatologista Érica Monteiro. No dia a dia, se ficar no escritório, reaplique cerca de duas vezes (além, claro, da aplicação da manhã, antes de sair de casa) – uma antes de sair para o almoço e outra no meio da tarde. Na praia ou na piscina, observe a sua pele. Se ela estiver descoberta, visível, sem a cobertura de um protetor, é preciso reaplicar. Não importa se passou o produto há dez minutos ou uma hora – pele descoberta é sinônimo de pele desprotegida.
3. Leia a lista de substâncias.
Um produto só será eficiente para prevenir manchas se for do tipo misto, isto é, se contiver, na sua fórmula, filtros físicos e químicos. Os primeiros formam uma barreira de proteção sobre a pele, enquanto os outros a protegem por meio de reações químicas. Cremes de FPS mais baixos, como 15 e 20, provavelmente serão apenas químicos e não fornecerão a proteção adequada. Já os mais altos, geralmente, são mistos. Na dúvida, procure os seguintes ingredientes na composição: dióxido de titânio ou óxido de zinco. Ambos atuam como filtros físicos.
4. Inove!
Protetores com cor de base e em formato de bastão são duas formas inteligentes de se proteger. Os primeiros dão cobertura semelhante à de uma base, mas um pouco menos intensa. Por isso, fazem uma barreira física sobre a pele, além de disfarçar manchas existentes. Já os filtros em bastão são superpráticos para quem faz esportes, pois são sequinhos e não escorrem.
5. Considere usar um antioxidante para complementar a proteção.
A radiação ultravioleta, que causa queimaduras solares, também estimula a produção de radicais livres. Estes, por sua vez, estimulam a produção dos melanócitos. Por isso, ao combater os radicais livres, indiretamente também ocorre a prevenção das manchas. Para isso, é preciso atacar com antioxidantes, substâncias que impedem a formação de radicais livres. Entre eles, estão as vitaminas C e E e o chá-verde. Pode-se usar um sérum com essas substâncias de manhã (sempre finalizando com o protetor) ou lançar mão de um protetor que já venha com antioxidantes.
6. Chapéu, sim!
Não abra mão deles – ou bonés – quando estiver na praia. O acessório deve ter abas largas e nada de furinhos. Se for de tecido, a trama deve ser bem fechada e, de preferência, de um tecido sintético, já que a trama do algodão tende a ser mais aberta.
7. Escolha um dermatologista de confiança para um tratamento efetivo.
Não vale achar que basta ir até a farmácia, comprar um creme clareador e sair usando. Esse tipo de produto funciona, sim, mas sua eficácia depende de uma série de fatores (como a influência hormonal), que só um médico saberá avaliar. “Mesmo os cosméticos de venda livre requerem a orientação profissional. Alguns podem causar irritação e até estimular os melanócitos”, diz Érica Monteiro.