DIU causa acne? Tudo o que você precisa saber sobre o assunto
Conversamos com dois especialistas para entender qual a relação entre o DIU e a acne e o que fazer para tratar as temidas espinhas hormonais
A luta contra a acne pode ser constante na vida de uma mulher. Seja porque surgiu na adolescência, seja porque apareceu já na vida adulta, os cuidados com a pele precisam ser constantes se a propensão é grande. O uso dos anticoncepcionais pode ser considerado uma solução para essa questão, mas será que todos eles causam espinhas? Qual a relação, por exemplo, entre o uso do DIU e a acne?
Se você já se fez essa pergunta, é hora de ter algumas respostas:
DIU CAUSA ACNE?
Para começo de conversa, é importante estabelecer algumas premissas: os DIUs tradicionais, que são de cobre ou de cobre e prata, não causam nenhuma interferência na saúde da nossa pele. Isso porque eles não contêm hormônios que possam desencadear questões como a acne.
Por outro lado, os DIUs hormonais, como o Mirena e o Kyleena, liberam hormônios na composição e, por isso, podem alterar a saúde da pele. Esses dois dispositivos liberam o mesmo hormônio (levonorgestrel) no útero – a ação é localizada, com absorção mínima pela circulação.
“A dose de hormônio detectada no sangue de mulheres que usam Mirena é 5 vezes menor do que no sangue de mulheres que tomam pílula anticoncepcional do mesmo hormônio”, explica o ginecologista e obstetra Dr. Igor Padovesi. “Mas para algumas mulheres, mesmo a dose baixa absorvida no útero e que cai na circulação pode causar alguns efeitos, entre eles piora da acne.”
Porém, vale notar que esses casos são muito raros. No geral, mais da metade das usuárias não notarão nenhuma diferença significativa na pele.
PÍLULA ANTICONCEPCIONAL, DIU E ACNE
No entanto, o que acontece quando algumas mulheres colocam o DIU e percebem aumento da acne? É preciso, antes de mais nada, investigar cada caso com a ajuda dos médicos especialistas. Porém, uma justificativa comum para isso é a mudança de um anticoncepcional hormonal oral para um DIU.
“A mulher que tomava pílula como método anticoncepcional tem uma melhora da oleosidade da pele e da acne, e, quando o anticoncepcional é suspenso, ela pode, sim, ter um quadro de acne”, explica a Dra. Viviane Scarpa, dermatologista pela SBD.
Os anticoncepcionais têm um efeito benéfico para a pele, principalmente de reduzir a oleosidade e a acne. É por esse motivo que muitos dermatologistas também indicam esses medicamentos como um tratamento para o excesso de espinhas.
Logo, é compreensível como suspender o uso desse anticoncepcional possa gerar um efeito rebote: “Parar o anticoncepcional sempre tende a piorar a pele, o que é frequentemente confundido com uma piora causada pelo DIU. Para mulheres que colocam o DIU e não faziam uso de pílulas, a acne ocorre para uma minoria”, reforça o Dr. Igor.
COMO SABER A CAUSA DA ACNE?
Se, ainda assim, você tem dúvida sobre as causas da sua acne, é importante ter paciência e observar muito a qualidade da sua pele após a inserção do DIU, principalmente o hormonal. Normalmente, a acne causada pela suspensão de um anticoncepcional piora já nas primeiras semanas – é um resultado direto da falta do medicamento.
Além disso, no caso de DIU hormonal, a piora da pele acontece mais no primeiro ano após a inserção, quando a circulação do hormônio pode ser maior no organismo.
“A história clínica pode nos dar pistas também, mas, em alguns casos, fica difícil saber já que não existe nenhum exame específico. Um dado clínico importante é que, geralmente, a acne provocada pelo DIU aparece também nas costas”, continua a Dra. Viviane.
A partir daí, entra o tratamento. As opções costumam ser as mesmas para as acnes de qualquer outra origem: passar pela avaliação de um dermatologista e, em seguida, priorizar uma boa rotina de skincare, com produtos adequados.
Sabonetes para pele oleosa, ácidos, hidratantes e o uso do filtro solar são os itens básicos para esse cuidado. Investigar outros fatores associados, como ingestão de medicações, vitaminas, suplementos alimentares e a dieta também fazem parte do tratamento.
“Em alguns casos o uso de isotretinoína oral em baixas doses por um período curto também pode ser necessário”, diz Viviane. “Lembrando que cada paciente é único e o tratamento deve ser sempre individualizado.”