A carboxiterapia suaviza a aparência das linhas de estrias.
Foto: Gustavo Arrais
1. O que é a carboxiterapia?
São injeções de gás carbônico na segunda camada da pele ou logo abaixo dela. Originalmente criada para tratar problemas em artérias e acelerar a cicatrização de feridas, a carboxiterapia passou a ser usada também para fins estéticos porque um dos efeitos do gás sob a pele é o de distendê-la. Dessa forma, o tecido sofre reações que estimulam a formação de colágeno. “O pH ácido do gás influencia ainda mais a produção de colágeno, além de melhorar a vascularização e a oxigenação da pele”, explica a dermatologista Fabiana Wanick, responsável pelo Ambulatório de Cosmiatria Dermatológica do Hospital Federal de Bonsucesso, no Rio de Janeiro.
2. Quais as indicações?
Flacidez na pele do rosto, do pescoço, da face interna das coxas, do bumbum e da barriga (principalmente depois de parto, da lipoaspiração ou de um emagrecimento rápido). Estrias, principalmente as rosadas e as localizadas nas mamas e no abdômen (a pele dessas regiões é mais fina e, por isso, também reage melhor ao tratamento). Celulite no bumbum e nas coxas. E rugas finas e cicatrizes em geral, inclusive as de acne.
3. Como age a carboxiterapia?
Depende do problema tratado. O estímulo da produção de colágeno ajuda a deixar a pele mais firme. O colágeno também influencia o tratamento das estrias, pois ele suaviza a aparência das linhas. Além disso, como a técnica melhora a vascularização, as estrias mais recentes ganham uma aparência menos avermelhada. Quando se trata de celulite, é capaz de romper as traves fibrosas, que repuxam a pele para baixo. “Isso, associado à diminuição da gordura – talvez pelo rompimento da parede das células ou pelo incremento da oxigenação, não se sabe ao certo -, acaba melhorando o aspecto da celulite”, diz Fabiana.
4. Por que o tratamento não é unânime entre os dermatologistas?
“Há várias críticas relacionadas aos estudos realizados. A maioria dos casos de sucesso acaba sendo comprovada empiricamente, com a experiência clínica e individual de cada médico que coloca em prática esse tipo de terapia no seu consultório ou clínica de estética”, explica o dermatologista Jardis Volpe, de São Paulo. A dermatologista Fabiana Wanick é uma delas. “Já tive resultados de bons a excelentes,” conta. A dermatologista Carolina Assed, pesquisadora e porta-voz da Sociedade Brasileira de Dermatologia, diz que a posição da organização em relação à carboxiterapia para fins estéticos é clara: “É um procedimento ainda experimental. São necessários mais estudos controlados, comprovando o real mecanismo de ação dele e os benefícios para fins não terapêuticos”.
5. Há risco para a saúde?
Para o dermatologista Jardis Volpe, trata-se de um procedimento menos invasivo do que uma cirurgia e, por isso, dá para prever riscos menores. “Porém é um tratamento em que a barreira da pele é rompida em diversos pontos através de uma agulha. Em casos raros, isso pode resultar em infecção no local”, pondera. “Quando aplicada com materiais esterilizados, com o equipamento correto e utilizando a técnica adequada, os riscos existentes são os mesmos de um pequeno procedimento realizado com agulha”, fala Fabiana. A dermatologista Lígia Kogos, de São Paulo, no entanto, discorda. “Existem complicações imediatas e tardias relacionadas à carboxiterapia. Dentre as primeiras, está a ruptura de vasos, que pode deixar hematomas. Dependendo da região – perto dos olhos, por exemplo -, isso pode trazer consequências, como compressão do nervo e derrame de vasos. Também pode haver sequelas a longo prazo, como manchas escuras em decorrência dos hematomas, cicatrizes por causa do rompimento do tecido e até o aparecimento de estrias causadas pela distensão súbita da pele”, enumera.
Procure sempre um dermatologista que tenha experiência com a técnica.
Foto: Gustavo Arrais
6. O tratamento é dolorido?
A entrada do gás na pele provoca, sim, desconforto. “Para tentar minimizar a dor, existem equipamentos que permitem que o gás seja injetado aos poucos, em pulsos, de modo mais lento e de forma aquecida”, diz Fabiana.
7. Como fica a pele depois da sessão?
A picada da agulha pode, eventualmente, romper um vasinho. Por isso, não é raro aparecerem pequenos hematomas, que somem em alguns dias. O médico pode receitar o uso de pomadas que facilitem a absorção das manchas roxas pelo organismo e evitem que a pele fique pigmentada. Outra medida é evitar tomar sol no local da aplicação, principalmente se a pele estiver marcada.
8. Quais cuidados devo tomar?
Embora não seja proibido, o Conselho Federal de Medicina desaconselha a realização do procedimento por profissionais que não sejam médicos. O ideal é procurar um dermatologista que tenha experiência com a técnica. Nas clínicas de estética, pergunte sempre se há supervisão médica, cheque as condições de higiene do local e, se possível, converse com outras pacientes. Evite comprar pacotes pela internet e desconfie sempre de valores muito abaixo da média.
9. Quais as vantagens da carboxiterapia em relação a outras técnicas com as mesmas indicações?
Hoje, existem tecnologias bem mais modernas do que a carboxiterapia. É o caso dos equipamentos de radiofrequência Accent e Exilis, que tratam a flacidez, do laser de CO fracionado, para suavizar estrias, e da criolipólise e do laser de diodo de baixa intensidade, que combatem a gordura localizada. Todos, entretanto, demandam um grande investimento, pois ainda custam muito caro. “O baixo custo da carboxiterapia atrai muitas mulheres que buscam uma melhora estética, mas ainda não podem pagar os procedimentos de ponta”, diz o dermatologista João Carlos Pereira, de São José do Rio Preto (SP). “Leve em consideração que a carboxiterapia sozinha apresenta resultados discretos. O seu maior efeito acontece quando ela é associada a outros tratamentos, o que, no final, pode elevar o preço do pacote”, completa o médico.
10. Qual é o valor médio por sessão e quantas sessões são indicadas?
O preço por sessão pode variar de R$ 200 a R$ 400. Geralmente, são indicadas de cinco a dez sessões, uma ou duas vezes por semana, em um custo total que pode variar de R$ 1 mil a R$ 4 mil. Já um tratamento para celulite com o equipamento Accent Ultra, que usa a radiofrequência, pode custar até R$ 800, a sessão, dependendo da região. São indicadas, geralmente, de seis a oito – o gasto total vai de R$ 4,8 mil a R$ 6,4 mil.