Recentemente, a influencer Jéssica Frozza (@eusoufrozza) usou as suas redes sociais para falar de uma bichectomia que deu errado. No Instagram, ela afirmou não ter pesquisado muito bem sobre o procedimento antes de realizá-lo, e percebeu alguns efeitos indesejados após um tempo da cirurgia.
“Depois do primeiro ano, o meu rosto ganhou uma flacidez gigantesca. Caiu a minha cara. Hoje, tenho que ficar fazendo tratamento para estimular o colágeno na bola de Bichat. Fiquei caveirística”, contou.
Mas afinal, o que é a bichectomia?
É a retirada das bolsas de Bichat, estruturas que “receberam esse nome por terem sido identificadas pelo anatomista francês Marie François Bichat no fim do século 18”, explica a cirurgiã plástica Juliana Sales (@dra.julianasales), especialista em cosmiatria e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
Elas são bolsinhas de gordura localizadas em camadas profundas dos cantos do rosto, perto das mandíbulas. “Alguns especialistas afirmam que elas servem como amortecedores de estruturas internas que ficam próximas, como nervos faciais e glândulas salivares”, complementa o também cirurgião plástico Wendell Uguetto (@dr_wendell_ugueto), membro da SBCP e do corpo clínico do Hospital Albert Einstein.
O problema é que se grandes demais, além de deixarem as bochechas maiores, as bolsas podem fazer com que a pessoa acabe mordendo a parte interna da boca com frequência, gerando algumas lesões por repetição.
Como funciona o procedimento e o pós-operatório?
“São feitos dois pequenos cortes (cerca de um centímetro) dentro da boca, de onde são retiradas as bolsas (aproximadamente três mililitros de gordura)”, diz Wendell Uguetto.
Um ou dois pontos de cada lado bastam para finalizar o procedimento. Eles são absorvidos naturalmente pelo corpo — não há necessidade de retirá-los. “O paciente geralmente não sente dores fortes (ele pode voltar ao trabalho no dia seguinte e aos treinos uma semana depois). E a região fica levemente inchada. Os resultados finais podem ser observados de dois a três meses após a realização da bichectomia”, finaliza o cirurgião.
Contudo, a médica Juliana Sales alerta: apesar de tecnicamente simples, ela pode ter complicações sérias se não realizada por um profissional capacitado. “Como lesões nos nervos da face ou do ducto parotídeo (responsável pelo transporte de saliva)”, diz.
Bichectomia que deu errado: cirurgia não é para todos
Assim como todos os outros procedimentos, a bichectomia tem indicações precisas. Por exemplo, indivíduos que têm rostos redondos ou quadrados. “Mesmo assim, o formato da face pode não ser devido às bolsas de Bichat, mas sim por questões ósseas ou até mesmo hipertrofia de músculos da região. Nesse caso, a realização da cirurgia não surtirá o efeito necessário e pode trazer deformações”, afirma a especialista.
O cirurgião Wendell concorda. “Com o tempo, o rosto pode ficar afundado e a pele mais flácida — afinal, houve a retirada de um preenchimento que fará falta do ponto de vista estético.”