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Urticária crônica: alimentação influencia na melhora do quadro?

Alergista explica se os alimentos podem influenciar na melhora ou piora dos casos de urticária crônica

Por Ana Paula Ferreira
Atualizado em 21 out 2024, 17h37 - Publicado em 19 abr 2024, 10h00
Profissional explica se há relação entre a urticária crônica e a alimentação
Profissional explica se há relação entre a urticária crônica e a alimentação (Freepik/Divulgação)
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A urticária é uma irritação causada por lesões avermelhadas e com certo inchaço, que surgem na pele com um aspecto avermelhado e elevado, coça, muito e se apresentam de forma isolada ou agrupada formando placas. Essas manchas podem aparecer em qualquer parte do corpo, não deixam cicatrizes e podem durar até 24 horas. Em alguns casos, as lesões, chamadas urticas, podem vir acompanhadas de angioedema (inchaço deformante) em olhos, lábios, língua, genitália, palma das mãos e dorso dos pés.

De acordo com Janaina Melo, membro do Departamento Científico de Urticária da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), a urticária pode ser classificada em aguda (quando tem duração de menos de seis semanas) e crônica (quando a duração tem mais que seis semanas).

“A maioria das urticárias crônicas tem causa espontânea, ou seja, sem um motivo aparente. É uma doença autoimune e autorreativa, onde o próprio corpo gera anticorpos contra ele mesmo, produzindo sintomas da urtica e/ou angioedema”, ela explica

Diferença entre os tipos de urticária

Segundo Janaina, na urticária aguda, que é aquela que acontece com menos de seis semanas, a reação pode ser causada por alimentos. “Por exemplo, o paciente foi para a praia, comeu camarão e em até 2 horas a boca inchou, apareceu lesões avermelhadas e coceira. Sim, pode ser a urticária aguda e é muito comum em crianças e adultos”, aponta a profissional.

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Contudo, na urticária crônica, essa relação com o alimento é de menos de 1%. Como explica a especialista, as diretrizes brasileira, americana, britânica e europeia mostram que não deve ser indicada a restrição alimentar para controlar a urticária crônica, por não ser o tratamento mais eficaz. “Mas a realidade no consultório é outra, pois chegam pacientes que retiraram por conta própria alimentos nutricionalmente importantes para ter uma melhora no quadro de urticária. Já cheguei a atender paciente que só se alimentava de arroz sem tempero e tomava água e, mesmo assim, sem melhora na urticária.”

Mas se o alimento não causa a urticária crônica, ele pode agravar um quadro já existente? A profissional explica que existe um tipo de urticária tardia que acontece depois de duas horas da ingestão do alimento: a síndrome da alfa-gal, resultante da ingestão de carnes de mamíferos, às vezes não bem cozidas. Nessa síndrome específica, evita-se a carne vermelha.

“Um outro tipo de restrição que podemos adotar é a ingestão de peixes crus. Muitos deles podem estar contaminados com o anisakis, presente no peixe cru, marinado ou pouco refogado. Então, por conta desse nematoide (verme), pode-se ter uma piora da urticária”, aponta a especialista da ASBAI.

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Riscos da restrição alimentar sem orientação

Segundo Janaina, a maior preocupação sobre os riscos de fazer uma restrição sem um acompanhamento profissional é justamente o paciente ficar desnutrido e começar a evoluir para hipovitaminose, perda indevida de peso, além da piora de qualidade de vida.

É importante que o especialista faça testes como o PRICK teste, IgE específica antes de eliminar um alimento, sempre seguido da orientação do alergista. Porém, foi visto que no caso da intolerância, esses testes não são tão eficazes, porque não é uma doença IgE mediada, com diagnóstico sempre com especialista.

“Nesse caso, a gente tem que fazer a restrição alimentar por três semanas. Se o paciente melhorar com essa restrição, já é um sinal de que o alimento em questão possa estar relacionado com a urticária. E quando eu provoco o paciente novamente com o alimento suspeito, a tendência é que ele tenha uma piora. Essa é uma ferramenta que chamamos de teste de exclusão e provocação, que é extremamente importante para guiar o especialista na orientação dietética”, explica a alergista.

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Muito mais do que retirar um alimento, pode ser interessante suplementar o paciente. Solicitar dosagem de 25 hidroxivitamina D pode ser uma indicação. Para esses casos de vitamina D baixa, recomenda-se uma reposição por seis semanas. “Foi visto um benefício nos pacientes com urticaria crônica a investigação de vitamina D e reposição quando necessário. Outra suplementação que também pode ser feita em casos selecionados é a de D-aminoxidase, uma enzima que degrada a histamina. Lembra que a urticaria é causada pelo mastócito que libera a histamina? Então, há descrição na literatura que em casos específicos repor uma enzima que degrade essa histamina, possa ter algum benefício, claro que nada é superior ao tratamento padronizado com anti-histamínico de segunda geração”, conta Janaina Melo, da ASBAI.

Antes de fazer a restrição alimentar é preciso que um médico especialista avalie a história clínica do paciente e realize testes específicos de alergia para ter certeza da relação do alimento com urticaria crônica. “Lembre que a urticária crônica é uma doença autoimune, ou seja, ela vai aparecer mesmo fazendo a dieta de restrição”, finaliza a profissional.

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