Veja como a suplementação alimentar pode melhorar a fertilidade
Óvulos, útero e espermatozoides saudáveis potencializam as chances de gravidez
Você sabia que é possível melhorar a qualidade das células reprodutivas por meio da suplementação alimentar e, assim, aumentar as chances de gravidez?
De acordo com o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo, nas mulheres, a nutrição adequada auxilia os óvulos e, nos homens, reduz o risco de problemas nos espermatozoides.
“Sabemos que uma mulher nasce com todos os óvulos que algum dia possuirá e estes são seu bem mais precioso e valioso no quesito fertilidade. Os óvulos precisam ser nutridos para amadurecer, ovular, fertilizar, implantar e, finalmente, conceber um bebê. Da mesma forma, uma boa nutrição diminui o risco de disfunções nos espermatozoides”, explica.
“Para melhorar a fertilidade feminina e masculina, alguns micronutrientes são fundamentais. Óvulos, espermatozoides e útero saudáveis potencializam as chances de gravidez, diminuem risco de aborto, parto prematuro, pré-eclâmpsia e restrição de crescimento intrauterino”, completa o médico.
Para que ocorra a melhora da fertilidade, o Dr. Rodrigo Rosa esclarece que é fundamental ter uma alimentação equilibrada.
“Mas é importante ficar claro: não existe uma cápsula milagrosa e nem um único alimento isolado que vai fazer uma paciente engravidar. O que existe é um equilíbrio para que não haja deficiência ou excesso. O contexto alimentar e um estilo de vida saudável são fundamentais”, conta.
A suplementação de gestantes ou tentantes apenas com ácido fólico pode não ser o ideal, pois é fundamental levar em consideração a importância de outras vitaminas e outros micronutrientes (sais minerais, aminoácidos essenciais e ácidos graxos essenciais) para a fertilidade.
“Cerca de 40% das mulheres não metabolizam o ácido na forma ativa, chamada metilfolato, devido a mutações dos genes que codificam uma enzima chamada MTHFR (metilenotetrahidrofolato redutase). Essa via metabólica é complexa e na verdade outras vitaminas do complexo B são essenciais para o perfeito funcionamento. Portanto, não basta usar apenas o metilfolato sem as demais vitaminas”, explica.
“A suplementação adequada deve incluir outros micronutrientes e essa prescrição deve ser individualizada (cada perfil de paciente necessita de doses diferentes e compostos diferentes). Uma dica importante: para melhor absorção das vitaminas, o ideal é tomar aquelas que são hidrossolúveis (B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9, B12 e C) em jejum, apenas com água, e as lipossolúveis (A, D, E e K) junto das refeições”, diz.
O médico lista algumas dessas vitaminas.
Coenzima Q10: A dose indicada é entre 100mg e 600mg. “Dentre os principais suplementos, com certeza a coenzima Q10 é a principal para melhorar a qualidade dos óvulos, principalmente nas mulheres acima de 35 anos, com endometriose e síndrome dos ovários policísticos. Presente em todas as células do nosso organismo, participando dos processos de produção de energia, a coenzima Q10 tem papel importante na fertilização in vitro, já que tem relação com embriões de melhor qualidade, principalmente em mulheres com idade mais avançada”, relata o Dr. Rodrigo Rosa.
Ômega 3: Importante para homens e mulheres, o Ômega 3 é indicado para o uso durante a gestação, sendo que a dose recomendada é de 500mg a 3g.
“O ácido graxo. presente em peixes de águas profundas, como o salmão, é fonte de DHA e EPA, ajudando no equilíbrio hormonal feminino e na melhora da morfologia dos espermatozoides. Na gestação é importante, pois ajuda no desenvolvimento cognitivo do bebê”, fala o especialista.
Resveratrol: De acordo com o Dr. Rodrigo Rosa, o resveratrol é interessante para mulheres diagnosticadas com endometriose, uma vez que ajuda a reduzir o processo inflamatório. “O poderoso antioxidante proveniente das sementes da uva é um modelador do sistema imunológico com alto poder anti-inflamatório”, esclarece.
Zinco: “O zinco está presente na proteína animal, em castanhas e nozes, é um cofator de milhares de reações enzimáticas e síntese de DNA, replicação e reparo celular. O zinco melhora a função dos espermatozoides e sua deficiência está associada a quadros de aborto, malformação congênitas e aberrações cromossômicas”, explica o médico.
Selênio: Relevante para o processo reprodutivo, o selênio pode ser encontrado em castanhas, carnes e ovos. “Esse mineral constituinte da enzima glutationa peroxidase (poderoso antioxidante) pode também ser suplementado para melhora da ação dos espermatozoides e também é recomendado para mulheres com SOP e endometriose”.
A glutationa, PQQ, L-Carnitina, N-acetilcisteína, L-arginina e mioinositol são outros micronutrientes vitais. “Mulheres que fazem suplementação mais adequada têm maiores taxas de gravidez. O uso de antioxidantes nas doses adequadas também ajuda a diminuir a fragmentação do DNA espermático (o que se traduz em melhora da qualidade do sêmen)”, diz o Dr. Rodrigo Rosa.
Ele também alerta a respeito dos polivitamínicos disponíveis no mercado, que, segundo o especialista, não contam com todos os micronutrientes e com as doses ideais para tentantes e gestantes. “A maioria tem subdoses e teria que complementar com outras vitaminas. O exemplo mais típico é o da Vitamina D nesses compostos, geralmente muito baixa”, afirma.
“As fórmulas internacionais, vendidas nos EUA e Europa, são um pouco mais completas e em doses maiores. Para mulheres, existem específicos para cada condição. Para o homem, todas devem conter vitaminas do complexo B, vitamina C em dose elevada, vitamina E, selênio, zinco, alguns também contém licopeno, também essencial para ajudar na qualidade do sêmen. Como não temos essas vitaminas no Brasil e mesmo assim elas não são tão individualizadas, prefiro prescrever vitaminas manipuladas com ajuste para cada perfil de paciente e cada fase do processo (antes da coleta de óvulos é diferente das vitaminas na gestação). Mas a melhor forma de potencializar suas chances sempre será alimentação saudável”, informa o médico.
Por fim, o Dr. Rodrigo Rosa menciona a importância de contar com orientação médica para manter uma rotina alimentar adequada e decidir a respeito da suplementação.
“Quando falamos em dieta da fertilidade, a alimentação anti-inflamatória é fundamental e da mesma forma que deve ser feito com suplementos, a dieta deve ser personalizada com o acompanhamento de um nutricionista”, conclui.