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Suco de aloe vera: uma tendência perigosa e proibida no Brasil

A bebida ganhou popularidade em redes como o TikTok e gera polêmica e contraindicações da comunidade médica

Por Marcela De Mingo
Atualizado em 21 out 2024, 16h34 - Publicado em 20 set 2022, 08h00
suco de aloe vera
 (Souranshi Fashion and Lifestyle Magazine / Pexels/Divulgação)
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Antigamente, era comum nossas avós plantarem babosa no quintal de casa e usarem a “baba” da planta para cuidar dos cabelos. A chamada aloe vera, nome científico desse milagreiro caseiro, até hoje é famoso pelos efeitos que tem no cabelo e na pele – não à toa é um ingrediente tão popular no mundo da beleza. 

No entanto, sabia que ela também tem ganhado popularidade na alimentação? O suco de aloe vera é uma tendência que vem crescendo nas redes sociais – em especial no TikTok, que ama uma receita nova e diferente. Hoje, vamos entender melhor sobre essa ideia e o porquê da polêmica que a envolve. 

O QUE É ALOE VERA?

“Aloe vera é uma planta muito conhecida, chamada popularmente de babosa”, explica o médico nutrólogo Dr. Álvaro Amaral, do grupo HealthSculp. “A aloe vera é muito antiga, até historicamente falando, pois existem registros e relatos históricos do uso da aloe vera na Mesopotâmia desde 2.100 A.C. Era uma planta muito conhecida também no Egito, onde era chamada, a título de curiosidade, de planta da imortalidade.”  

A aloe vera é muito utilizada na forma do gel da babosa. Esse gel tem vários compostos que fazem bem à saúde, como vitaminas A, B, C, E, cálcio, potássio, magnésio, zinco, além da prostaglandina e da interleucina, substâncias anti-inflamatórias

O gel de babosa têm benefícios comprovados cientificamente nos cuidados com os cabelos e a pele, por isso é utilizado também na forma de cremes e outros produtos cosméticos e é 100% seguro nesses formatos – a sua utilização é, inclusive, liberada pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 

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Inicialmente, a aloe vera foi reconhecida como uma substância farmacológica e liberada para uso tópico em 1932, na Inglaterra. No entanto, existem supostos benefícios que justificam o seu consumo de outras formas, como o controle da glicemia (a quantidade de açúcar no sangue), o tratamento de queimaduras e a cicatrização de feridas, assim como para dores articulares, especialmente as reumáticas. Mas, nesses casos, que incluem o suco de aloe vera, ainda existem controvérsias sobre a eficácia. 

SUCO DE ALOE VERA: PROIBIDO NO BRASIL

Talvez você não saiba disso, mas bebidas e alimentos à base de aloe vera foram proibidos pela Anvisa em 2011. A justificativa da agência reguladora é que ainda não existem estudos científicos que comprovem os benefícios à saúde ou à segurança no consumo da planta.

“Não existe uma indicação de utilização do suco da aloe vera porque não existem evidências científicas que ofereçam um embasamento de segurança”, reforça o médico. “Isso acontece em virtude dos relatos das reações adversas que a aloe vera ocasionou com uso crônico, como diarreia, cólicas, náuseas, lesões no músculo e as lesões no fígado, que foram o efeito mais grave, com casos de hepatite, inclusive fulminantes.”

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Os casos relatados têm uma relação dose-dependente, ou seja, que depende da quantidade consumida, mas, mesmo assim, o suco foi proibido aqui no Brasil há 11 anos e assim continua até hoje. 

“Ouve-se muito falar da utilização da aloe vera para o emagrecimento, mas é muito perigoso e arriscado, principalmente por conta dos efeitos no fígado. Então, a contraindicação, na verdade, é a da utilização do suco. Para as grávidas, quando o suco ainda era liberado, havia contraindicação por conta do risco de contração do útero, que poderia levar ao abortamento. Também não era recomendado para pacientes que faziam uso de glicosídeos cardíacos, o que chamamos de digoxina, ou seja, quem tinha insuficiência cardíaca não podia usar, assim como quem usava diurético e antiarrítmico.”

No entanto, não é preciso pânico: o uso tópico da substância para o cuidado com a pele e os cabelos continua liberado. Porém, é importante, mesmo nesses casos, contar com a orientação de um médico dermatologista – só um profissional poderá indicar os melhores produtos de acordo com as suas necessidades. 

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