Intolerância alimentar vs. alergia: como descobrir qual você tem?
Muita gente acha que é a mesma coisa, mas não é. Entenda quais são os principais sintomas de cada um dos problemas
Anda desconfiado que um alimento específico não cai tão bem para você como para outras pessoas? Pois vale investigar: as causas podem ser alergia ou intolerância alimentar.
Enquanto a primeira não é tão comum (atinge aproximadamente 3,5% dos adultos, segundo dados do Consenso Brasileiro em Alergia Alimentar); a segunda já está presente na realidade de muita gente — cerca de 40% dos brasileiros sentem certo desconforto ao ingerir leite e seus derivados, um dos tipos mais comuns de intolerância alimentar, afirma o Datafolha.
O problema é que os sinais que as duas doenças geram às vezes são tão parecidos, que dificultam o diagnóstico correto. Por isso é necessário entender suas diferenças:
Intolerância alimentar: o que é?
Ela tem a ver com problemas no funcionamento digestivo. “O organismo não produz a enzima responsável por digerir um alimento específico”, explica a nutricionista Gabriela Cilla (@gabi_cilla), da Clínica Nutricilla. No caso da intolerância à lactose, por exemplo, há a deficiência (em algum grau, que pode ser maior ou menor) da lactase, localizada no intestino delgado e responsável por degradar a molécula do leite.
E apesar de ter relação com fatores hereditários e até doenças que provocam lesões no intestino, a intolerância alimentar pode dar as caras por conta do que comemos ao longo da vida, sabia? “Ela aparece justamente porque a pessoa fez o uso abusivo do alimento (como leite, ou farinha branca) rotineiramente ou em quantidades excessivas”, complementa a especialista.
“Os alimentos que mais comumente causam a enfermidade são leite e derivados, ovos, bacalhau, tomate, espinafre, pimentas e nozes. Tem também os industrializados, com seus inúmeros corantes e conservantes”, afirma o nutrólogo Vicenzo Stein Vargas (@dr.vicenzo), da Clínica Leger.
Mas e as alergias?
As alergias costumam acontecer desde a infância, e estão ligadas a distúrbios em nosso sistema imunológico. “O nosso corpo entende o alimento como uma agressão, e gera respostas que possuem efeitos sistêmicos eventualmente graves”, diz o nutrólogo.
Nesse caso, o problema sempre acontece com as proteínas. Como é o caso do glúten (proteína do trigo), leite, ovo, frutos do mar e oleaginosas.
E como identificar cada uma?
O passo básico consiste em prestar atenção nos sintomas. No caso da intolerância alimentar, eles costumam ser distensão abdominal, sensação de inchaço e estômago pesado, diarreia e gases. Depois, você pode seguir dois procedimentos: a dieta de exclusão ou teste sanguíneo.
“Na exclusão, os prováveis itens são retirados do cardápio do paciente e reintroduzidos um a um, sempre observando os indícios”, explica Vicenzo Stein de Vargas. Como os sintomas são muito diferentes (e até tardios) de pessoa para pessoa, às vezes fica difícil reconhecer a relação entre uma comida e a resposta do seu organismo. “Então recorremos ao exame de sangue, no qual testa-se o grau de ligação do anticorpo da imunoglobulina G com cada alimento”, finaliza.
Já a alergia gera reações mais graves. “Coceira, vermelhidão, sensação de pele quente e inchaço nas vias respiratórias. Em alguns casos, até diarreia, vômito, respiração ofegante, falta de ar (por causa do fechamento da epiglote) e pressão baixa”, elenca a nutricionista Gabriela Cilla. A melhor forma de diagnosticar uma alergia alimentar é através de exames laboratoriais.
Tratamentos
Como as alergias costumam ser mais severas, o ideal é excluir a sua causa do cardápio (pois é, um pouco chato). Contudo, não é incomum as reações ficarem mais brandas com a idade, e você pode associar tratamentos, como vacinas e medicamentos orais (todos prescritos por um médico, tá?).
“Para a intolerância, geralmente recomendamos excluir o alimento por um bom tempo, e depois reintroduzir aos poucos, em pequenas quantidades, até que o organismo crie certa resistência. Em casos mais graves, nos quais o corpo não consegue gerar esse processo adaptativo, aí sim é necessário que haja a exclusão por completo”, afirma Gabriela Cilla.