Doença celíaca: o que fazer após o diagnóstico?
Confira um guia completo de orientações para quem enfrenta a doença autoimune desencadeada pela ingestão de glúten
A doença celíaca é uma condição que passa de geração para geração. Entretanto, a genética não é o único fator de influência para o seu desenvolvimento. O estilo de vida ocidental, que inclui uma alimentação desequilibrada, também pode contribuir para a sua concepção, de acordo com as hipóteses científicas.
Adriana Zanardo, porta-voz e nutricionista da Jasmine, explica que a doença celíaca (DC) é uma doença autoimune em que, em indivíduos suscetíveis, a ingestão de glúten leva a reações imunológicas no intestino delgado. “O próprio sistema imunológico lesiona o intestino delgado de várias formas, causando inflamação, dor intensa, diarreia persistente, redução da absorção de nutrientes, perda de peso e outras consequências”, ela aponta.
“Os sintomas podem incluir, ainda, confusão mental, déficit de atenção, dor de cabeça, fadiga crônica e dores articulares. Para o diagnóstico, é importante observar os sintomas e realizar em conjunto exames específicos, como exame de sangue com imunoglobulina IgA e IgG”, complementa.
Como lidar com a condição?
De acordo com a nutricionista, o glúten é formado por dois componentes proteicos principais, gliadinas e glutenina, que não são digeridos por celíacos, fazendo com que o sistema imunológico os interprete como ruins, atacando-os e, consequentemente, atacando também o próprio corpo do indivíduo. “Por essa razão, a dieta sem glúten é o tratamento mais eficaz para a doença celíaca”, afirma Adriana.
No entanto, apenas manter uma dieta adequada não é suficiente para cuidar da saúde de pessoas celíacas. Segundo a profissional, é necessário adotar outras recomendações importantes. São elas:
- Praticar atividade física regularmente;
- Fazer o acompanhamento médico e nutricional;
- Procurar associações que possa frequentar. Um dos canais mais seguros para busca de qualquer tipo de informação relacionada à doença celíaca é a Federação Nacional das Associações de Celíacos no Brasil;
- Frequentar eventos e siga pessoas que fazem parte da mesma comunidade que você;
- Se permitir exteriorizar seus sentimentos de frustração, raiva, medo;
- Fazer uma lista do que pode e não pode comer e perceba que, mesmo com muitas restrições, ainda existem novas possibilidades;
- Criar hábito de se aventurar na cozinha para testar combinações, sabores, aromas e texturas diferentes, lembrando que, além de fazer bem à saúde física, cozinhar pode ser também parte de um processo terapêutico prazeroso.
“Pode parecer complicado no início, mas, o paciente celíaco pode ter uma vida mais leve à medida que se informa, cuida dos seus sentimentos e da sua alimentação. Comece adotando uma perspectiva positiva sobre o seu quadro e busque conciliar a alimentação saudável em conjunto com a prática de atividade física de sua preferência”, destaca a nutricionista.
Estratégias para manter a dieta celíaca equilibrada
A Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil também tem algumas estratégias e recomendações para ajudar pessoas com doença celíaca a manterem a alimentação equilibrada.
- Rede de apoio
Oriente seus familiares e amigos sobre a doença celíaca e os cuidados com a alimentação, especialmente, pensando em festas e confraternizações;
- Cuidados em casa
Ao preparar as refeições, mantenha a atenção nos utensílios, já que, sem a limpeza adequada, aumentam as chances de contaminação dos alimentos, prejudicando a dieta celíaca. Atenção às facas, assadeiras e óleo utilizado para as refeições;
- Seletividade
É essencial o cuidado com temperos industrializados, pois muitos contêm glúten. Não utilize farinhas com glúten, mesmo que seja “só” para polvilhar a assadeira;
- Pesquisas
Antes de sair de casa, verifique os estabelecimentos confiáveis e, se possível, avalie o cardápio;
- Comer fora de casa
Vale lembrar que, ao frequentar buffets, restaurantes e self-service, mesmo que os alimentos sugeridos sejam glúten free, existe a chance de contaminação pelas travessas próximas e pelo uso de talheres repetidos. Fique atento!
Lista de ingredientes para celíacos
“O glúten é uma das proteínas presentes em trigo, centeio, cevada e malte. A aveia naturalmente não contém glúten, mas é comum que tenha traços devido à contaminação cruzada que ocorre quando se mistura alimentos com e sem glúten em, pelo menos, uma etapa do processo de produção, considerando colheita, moagem, armazenamento e transporte”, alerta a nutricionista. “Isso também pode acontecer com outros tipos de alimentos. Por isso, ao fazer sua lista de compras, é importante observar as embalagens dos produtos”, pontua.
Vale lembrar de que a lei federal nº 10.674, de 2003, determina que todas as empresas que produzem alimentos precisam informar obrigatoriamente em seus rótulos se o produto “contém glúten” ou “não contém glúten”.
Para garantir uma alimentação segura, Adriana indica a compra de produtos de marcas de sua confiança, que possam agregar valor nutricional, sabor e a variedade ao cotidiano.
“O celíaco pode contar com diversas opções de pães para compor os sanduíches, além de wraps com recheios diversos, bolos e biscoitos de arroz e de milho”, ela indica.
E complementa: “Já na categoria grãos, as granolas e aveias podem ser combinadas com frutas e outros toppings. Para saciar a fome ao longo do dia, bites e cookies são opções saudáveis que recomendo aos meus pacientes”.
Para manter o planejamento alimentar da sua semana, confira os itens saudáveis que podem ser inclusos na lista de compras:
- Cereais: arroz e milho;
- Farinhas: mandioca, arroz, milho, fubá e féculas;
- Gorduras: óleos vegetais e animais (manteiga);
- Frutas: todas;
- Leite e derivados: todos (atenção com iogurtes/shakes, porque alguns com sabores/caldas podem ter glúten);
- Verduras, legumes, raízes e leguminosas: todos;
- Ovos e carnes em geral: todos;
- Sementes e castanhas: todas.