Alimentação pós-bariátrica: quais cuidados nutricionais são necessários?

A necessidade de suplementação proteica, além de vitaminas e minerais são indispensáveis para pacientes pós-cirúrgicos. Saiba mais!

Por Ana Paula Ferreira
Atualizado em 21 out 2024, 17h39 - Publicado em 25 mar 2024, 16h10
Profissional explica pontos importantes sobre a dieta de pacientes pós-cirurgia bariátrica
Profissional explica pontos importantes sobre a dieta de pacientes pós-cirurgia bariátrica (Freepik/Divulgação)
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Seguir uma alimentação adequada é fundamental para pacientes antes e após a realização da cirurgia bariátrica.

De acordo com Alexandra Corrêa de Freitas, nutricionista e professora do curso de Nutrição da Faculdade Santa Marcelina, antes do procedimento, o auxílio de um nutricionista é necessário para já iniciar um processo de educação nutricional, sensibilização, conscientização e auxílio do paciente para a necessidade de mudanças no comportamento alimentar. “Esses pontos serão parte de seus novos hábitos e contribuirão para o controle das comorbidades associadas à obesidade, assim como para o início da perda ou controle de peso antes do procedimento, diminuindo o risco cirúrgico”, afirma.

É ainda nessa etapa que o profissional deve atentar-se à presença ou risco de desenvolvimento de transtornos alimentares, além de orientar o paciente sobre as reais expectativas com a perda de peso e iniciar um preparo do indivíduo sobre as fases da alimentação após a cirurgia.

“Já no momento pós-cirúrgico, o nutricionista auxiliará na orientação da consistência e volume de dieta, bem como da evolução gradual da alimentação”, aponta Corrêa. E continua: “A educação nutricional continua sendo desenvolvida junto ao paciente, buscando incentivar o consumo de alimentos de boa qualidade nutricional e orientando aqueles que devem ser evitados ou por seu baixo valor nutricional ou por ainda não serem permitidos, apesar do desejo de consumi-los”.

Orientações nutricionais no pós-operatório imediato da bariátrica

As principais orientações, segundo o nutricionista, estão focadas no volume a ser ingerido, fracionamento das refeições, consistência do alimento e quais alimentos devem ser excluídos.

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“Esses cuidados no pós-operatório são muito importantes para que aconteça a adaptação alimentar e adequada cicatrização do estômago e do intestino associada à prevenção de efeitos colaterais e de complicações pós-cirúrgicas, como: náusea, vômitos, dumping e deiscência de sutura.”

Outro ponto importante no pós-cirúrgico diz respeito à avaliação e prescrição de suplementação proteica, quando necessário, além de vitaminas e minerais.

Qual a dieta que o paciente deve fazer após a cirurgia bariátrica?

“Atualmente, é aconselhada a introdução da dieta de forma precoce, isto é, dentro das primeiras 24 horas após o procedimento cirúrgico. Essa liberação é feita pelo médico. Inicia-se então a alimentação com consistência líquida, coloração clara e baixo teor de açúcar e gordura, com oferta de 50 ml a cada 30 minutos”, aponta Corrêa.

Segundo ele, a progressão da consistência e características da dieta pode variar de acordo com a tolerância individual e as características da técnica cirúrgica, devendo ser avaliada pela equipe multiprofissional responsável pelos cuidados do paciente.

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“Durante todo o processo evolutivo da dieta, deve haver atenção e preocupação com os alimentos que precisam estar presentes, aqueles que não são permitidos e a atenção ao volume total, fracionamento e consistência. Logo nos primeiros dias de dieta líquida, já deve haver a prescrição de suplementos nutricionais em pó, buscando evitar as deficiências nutricionais.”

Quais alimentos evitar?

Os indivíduos submetidos a tratamento cirúrgico da obesidade deve ter especial atenção e evitar o consumo de açúcar, assim como doces em geral, bebidas açucaradas (sucos artificiais e refrigerantes) e outros alimentos que contenham açúcar, pois podem favorecer o acontecimento da chamada Síndrome de Dumping (sintomas causados pela passagem rápida de alimentos com grandes concentrações de gordura e/ou açúcares do estômago para o intestino).

“Cerca de 40% das pessoas que realizam cirurgia bariátrica relataram ter Síndrome de Dumping, que pode acontecer 1 hora após a refeição, com sintomas como dor abdominal, borborigmos (barulho estomacal), diarreia, náusea, fadiga, palpitações, taquicardia e hipotensão ou, pode ocorrer mais tardiamente, até 3 horas após a refeição, com sintomas como fadiga, fraqueza, confusão, fome, síncope, sudorese, palpitações, tremores e irritabilidade”, explica o profissional.

“Além dos alimentos ricos em açúcares, bebidas alcoólicas e que contenham cafeína também devem ser evitados, especialmente no período de dieta líquida, mas recomenda-se não incluir estes alimentos rotineiramente na alimentação, mesmo em fases posteriores”, complementa.

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Por fim, outro cuidado importante diz respeito à ingestão de líquidos. Recomenda-se evitar os sucos artificiais e refrigerantes pelo alto teor de açúcar e baixo valor nutricional, porém, mesmo água e sucos naturais devem ser ingeridos com cautela, recomendando-se o consumo 30 minutos antes ou após as refeições, mas nunca junto com os alimentos.

Suplementação nutricional pós-bariátrica

A suplementação pós-cirurgia bariátrica é obrigatória e necessária. Isso se dá porque, em decorrência do procedimento cirúrgico, acontece restrição do volume gástrico, levando a uma diminuição do tamanho das porções consumidas e/ou pela redução na ingestão de alguns alimentos por menor tolerância e ocorrência de sintomas gastrointestinais. Além disso, acontece a má absorção secundária decorrente da diminuição da área de absorção no intestino delgado, local onde os nutrientes são absorvidos.

As deficiências nutricionais mais observadas no pós-operatório são:

  • Proteína;
  • Ferro;
  • Zinco;
  • Cálcio;
  • Vitamina D;
  • Vitaminas do complexo B.

“Sendo assim, a suplementação é uma indicação permanente e a avaliação periódica desses nutrientes e outros, quando se mostrar necessário, deve ser parte do acompanhamento nutricional de pessoas que realizaram cirurgia bariátrica”, finaliza Alexandra Corrêa de Freitas.

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